Principais disfunções sexuais após transplante de medula óssea

Autores

  • Andreia Farias Gomes Universidade Estadual do Ceará (UECE)
  • Cemiris Teixeira Cavalcante Universidade Federal do Ceará - UFC

DOI:

https://doi.org/10.59483/rfpp.v4n2104

Palavras-chave:

TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA, TRANSPLANTE DE CELULAS-TROCO HEMATOPOIÉTICAS, DISFUNÇÃO SEXUAL, SEXUAL

Resumo

Objetivo: Identificar na literatura as principais disfunções sexuais descritas no pós-TMO e as intervenções propostas. Materiais e métodos: Trata-se de uma revisão não-sistemática da literatura. Foram utilizadas as bases de dados PUBMED/MEDLINE e LILACS. Após a exclusão dos artigos não elegíveis, restaram-se 10 estudos para esta revisão.  Resultados: A disfunção sexual mais predominante foi diminuição do interesse sexual com 9 citações (90%), seguido de disfunção erétil com 8 citações (80%), dor e problemas com orgasmo com 7 citações (70%), problemas com excitação, distúrbios ejaculatórios e secura vaginal com 5 citações (50%), insatisfação sexual com 3 citações (30%), sangramento ou irritação vaginal ou peniana com 2 citações (20%) e diminuição do prazer, ansiedade sobre o desempenho sexual, redução das fantasias sexuais e preocupação com a imagem corporal com 1 citação (10%). Dentre as intervenções propostas, a mais frequente foi acompanhamento e aconselhamento profissional com 7 citações (70%), seguidos de 2 citações (20%) para orientações gerais sobre as questões sexuais no pré e pós transplante de medula óssea; terapia de reposição hormonal; uso de lubrificantes e auxílio farmacológico nas disfunções eréteis, 2 artigos não citaram intervenções (20%), e, por último, intervenções mensais sobre as questões sexuais com 1 citação (10%). Conclusão: As disfunções sexuais após o TCTH é uma complicação persistente que gera forte impacto na qualidade de vida dos sobreviventes. É essencial que o enfermeiro empodere-se e esteja preparado para abordar o paciente no período pré, condicionamento e pós-transplante, indicando a melhor medida que possa aumentar a sua qualidade de vida.

 

Biografia do Autor

Andreia Farias Gomes, Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Mestre em cuidados clínicos em enfermagem e saúde pela Universidade Estadual do Ceará (UECE)

Referências

Amaral JS. Principais disfunções sexuais após transplante de medula óssea: uma revisão de literatura. São Paulo; 2008. [Dissertação de Mestrado – Fundação Antônio Prudente].

Andrykowski MA, Cordova MJ, Hann DM, Jacobsen PB, Fiels KK, Phillips G. Preocupações psicossociais dos pacientes após o transplante de células-tronco. Transplante de medula óssea. 1999;24:1121-29.

Bonassa EMA, Gato MIR. Terapêutica Oncológica para Enfermeiros e Farmacêuticos. 2012. p.489-515.

Cerejo A. Disfunção sexual feminina: prevalência e fatores relacionados. Rev Port Clin Geral. 2006;22:701-20.

Chatterjee R, Andrews HO, Mcgarrigle HH. A insuficiência arterial cavernosa é um componente importante da disfunção erétil em alguns receptores de quimioterapia/quimiorradioterapia em altas doses para neoplasias hematológicas. Transplante de Medula Óssea. 2000;25:1185–89.

Chatterjee R, Kottarridis PD, Mc Garrigle HH, Linch DC. Manejo da disfunção erétil por terapia combinada com testosterona e sildenafil em receptores de terapia de alta dose para neoplasias hematológicas. Transplante de Medula Óssea, 2002;29:607–10.

Chiodi S, Spinelli S, Ravera G, Petti AR, Van LMT, Lamparelli T, et al. Qualidade de vida em 244 receptores de transplante alogênico de medula óssea. Br J Haematol. 200;110:614-19.

Dambros VL, Gasparetto C, Costela G, Azevedo V, Trevizan S, Caramba LH, et al. Análise dos transplantes de medula óssea realizados no brasil entre 2015 e 2020. Hematologia, transfusão e terapia celular. 2021;43:47-48.

Efeitos a longo prazo da leucemia mieloide aguda na qualidade relacionada à saúde do paciente da vida. Cancer Treat Ver. 2004;30: 103-17.

El-jawahri A, Fishman SR, Vanderklish J, Dizon DS, Pensak N, Traeger, L, et al. Estudo piloto de uma intervenção multimodal para melhorar a função sexual em sobreviventes de transplante de células-tronco hematopoiéticas. Câncer. 2018;124:2438-46.

El-jawahri A, Pidala J, Khera N, Madeira GA, Arora M, Carpinteiro PA, et al. Impacto do sofrimento psíquico na qualidade de vida, estado funcional e sobrevida em pacientes com Doença do Enxerto contra o Hospedeiro Crônica. Biol Transplante de Medula Óssea. 2018;24:2285-92.

Dambros VL, Gasparetto C, Costella G, Azevedo V, Trevizan S, Heck LH, et al. Análise dos transplantes de medula óssea realizados no Brasil entre 2015 e 2020. Hematology, Transfusion and Cell Therapy. 2021;43:247-48.

Georges GE, Bar M, Onstad L, Jean CY, Shadman M, Flowers ME, et al. Sobrevivência após transplante autólogo de células hematopoiéticas para linfoma e mieloma múltiplo: efeitos tardios e qualidade de vida. Biologia do transplante de sangue e medula. 2020;26:407-12.

Haavisto A, Mathiesen S, Suominen A, Lahteenmaki P, Sorensen K, Ifversen M, et al. Função sexual masculina após transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas na infância: Estudo multicêntrico. Cânceres. 2020;12:1786.

Hamerschlak N, Bouzas LFS, Seber A, Silla L, Ruiz MA. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea 2012. Rio de Janeiro. 2012.

Hayden PJ, Keogh F, Conghaile M. Avaliação unicêntrica da qualidade de vida a longo prazo após transplante de células-tronco fraternas alogênicas para leucemia mieloide crônica na primeira fase crônica. Transplante de medula óssea. 2004;34:545-56.

Henkelman M, Toivonen KI, Tay J, Beattie S, Walker LM. Preocupações específicas da doença relatadas pelo paciente relacionadas à sexualidade no mieloma múltiplo. Jornal de Pesquisa e Prática em Oncologia Psicossocial. 2022;5.

Hiyane IBM. Transplante de Medula Óssea: Classificação e Avaliação. Academia de Ciência e Tecnologia (AC&T). 2015:6.

Hodis HN, Mack WJ, Shoupe D, Azen SP, Stanczyk FZ, Hwang J, et al. Métodos e dados cardiovasculares basais do ensaio de intervenção precoce versus tardia com estradiol testando a hipótese do tempo hormonal da menopausa. Menopausa. 2015;22:391-401.

Hughes MK. Alterações da função sexual em mulheres com câncer. Semín. Oncol. Enfermeiras. 200;24:91–101.

Humphreys CT, Tallman B, Altmaier EM, Barnette V. Funcionamento sexual em pacientes submetidos a transplante de medula óssea: um estudo longitudinal. Transplante de medula óssea. 2007;39:491-96.

Jackson GH, Wood A, Taylor PR, Lennard AL, Lucraft H; Heppleston U, et al. Intensificação precoce de quimioterapia em altas doses com transplante autólogo de medula óssea em linfoma associado à retenção de fertilidade e gravidez normal em mulheres. Grupo de Linfoma da Escócia e Newcastle, Reino Unido. Leucemia e linfoma. 1997;28:127-32.

Jadoul P, Anckaert E, Dewandeleer A, Steffens M, Dolmans MM; Vermylen C, et al. Avaliação clínica e biológica da função ovariana em mulheres tratadas por transplante de medula óssea para diversas indicações durante a infância ou adolescência. Fertilidade e esterilidade. 2011;96:126-33.

Kauppila M, Koskinen P, Sirjala K, Remes K; Viikari J. Efeitos a longo prazo do transplante alogênico de medula óssea [TMO] sobre a função hipofisária, gônada, tireoidiana e adrenal em adultos. Transplante de Medula Óssea. 1998;22:331–37.

Langer SL, Rudd ME, Syrjala KL. Tamponamento protetor e dissincronia entre cuidadores conjugais de pacientes com câncer. Saúde Psicológica. 2007;26:635-43.

Lee HG, Young PE, Kim HM, Kim K, Kim GS, Yoon CA, et al. Sexualidade e qualidade de vida após transplante de células-tronco hematopoiéticas. Coreano J intern Med. 2002;17:19-23.

Li Z, Mewawalla P, Stratton P, Yong ASM, Shaw BE, Hashmi S, et al. Saúde sexual em receptores de transplante de célula-tronco hematopoiética. Câncer [Internet]. 2015 [Acesso em 2023 Jun 05]. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5014908>.

Liu J, Malhotra R, Voltarelli J, Stracieri AB, Oliveira L, Simões BP, et al. Recuperação ovariana após transplante de células-tronco. Transplante de medula óssea. 2008;41:275-78.

Marks DI, Friedman SH, Delli CL, Nezu CM, Nezu AM. Estudo prospectivo dos efeitos da quimioterapia em altas doses e do transplante de medula óssea sobre a função sexual no primeiro ano após o transplante. Transplante de medula óssea. 1997;19:819-22.

Molassiotis A. Transições psicossociais em sobreviventes de longo prazo do transplante de medula óssea. Eur J Cancer Care. 1997;6:100-107.

Molassiotis A, Wilson B, Blair S, Howe T, Cavet J. Necessidades de cuidados de suporte não atendidas, bem-estar psicológico e qualidade de vida em pacientes que vivem com mieloma múltiplo e seus parceiros. Psico-Oncologia. 2011;20:88-97.

Noerskov KH, Schjodt I, Syrjala KL, Jarden M. Função sexual 1 ano após transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas. Transplante de medula óssea. 2016;51:833-40.

Oliveira JJM, Ribeiro CCM, Schattenberg AVMB. Qualidade de Vida, Reprodução e Sexualidade Após Transplante de Células-Tronco com Enxertos de Células T Parcialmente Esgotadas e Após Condicionamento com um Regime Incluindo Irradiação de Corpo Total. Transplante de Medula Óssea. 2006;37:831– 36.

Passweg JR, Baldomero H, Chabannon C, Basak GW, Camara R, Corbacioglu S, et al. Transplante de células hematopoiéticas e levantamento de terapia celular da EBMT: monitoramento de atividades e tendências ao longo de 30 anos. Transplante de medula óssea. 2021;56:1651-64.

Redaelli A, Stephens JM, Brandt S, Botteman MF, Pashos CL. Curto e Efeitos a longo prazo da leucemia mieloide aguda na qualidade relacionada à saúde do paciente da vida. Cancer Treat Ver. 2004;30:103-17.

Sabo B, Mcleod D, Couban S. A experiência de cuidar do cônjuge submetido ao transplante de células-tronco hematopoiéticas: abrindo a caixa de pandora. Enfermeiras do câncer. 2013;36:29-40.

Scanlon M, Blaes A, Geller M, Majhail NS, Lindgren B, Haddad T. Satisfação das pacientes com discussões médicas sobre o impacto do tratamento na fertilidade, menopausa e saúde sexual de mulheres com câncer na pré menopausa. J Câncer. 2012;3:217-25.

Schimemr AD, Quatermain M, Imrie K, Ali V, Mccrae J, Stewart AK, et al. Função ovariana após transplante autólogo de medula óssea. Journal of Clinical Oncology. 1998;16:2359-63.

Schimmer AD, Stewart AK, Imrie K, Keating U. Função sexual masculina após transplante autólogo de sangue ou medula. Biol Transplante de Medula Óssea. 2001;7:279-83.

Silva LMG. Breve reflexão sobre autocuidado no planejamento de alta hospitalar pós-transplante de medula óssea (TMO): relato de caso. Rev Latino-Am Enfermagem. 2003;9:75-82.

Souza CA. Qualidade de vida em pacientes submetidos ao transplante alogênico de medula óssea. Rev Bras Hematol Hemoter. 2003;25:3-4.

Souza MT, Silva MD, Carvalho R. Revisão integrativa: o que é e como fazer. Revisão. 2010;8:102-06.

Syrjala KL, Kurland BF, Abrams JR, Sanders JE, Heiman JR. Alterações da função sexual durante os 5 anos após tratamento em altas doses e transplante de células hematopoiéticas para malignidade, com controles pareados por casos aos 5 anos. Sangue. 2008;111:989-96.

Syrjala KL, Roth-roemer SL, Abrams JR, Scanlan JM, Chapko MK; Visser S, et al. Prevalência e preditores de disfunção sexual em sobreviventes de longo prazo de transplante de medula. J Clin Oncol. 1998;16:3148-57.

Syrjala KL, Schoemans H, Yi JC, Langer S, Mukherjee A, Lee LOS. Funcionamento sexual em sobreviventes de longo prazo de transplante de células hematopoiéticas. Transplante e terapia celular. 2021;27:80.

Thomas ED, Blume KG, Forman SJ. Hematopoietic cell transplantation. Sciense. Blackwell. 2000.

Tierney DK. Sexualidade: uma questão de qualidade de vida para sobreviventes de câncer. Seminários em Enfermagem Oncológica. 2008;24:71-79.

Tintureiro G, Gilroy N, Bradford J, Brice L, Kabir M, Greenwood M, et al. Pesquisa de fertilidade e saúde sexual após transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas em Nova Gales do Sul, Austrália. Irmão J Haematol. 2016;172:592-601.

Tsatsou I, Mystakidou K, Adamakidou T, Konstantinidis T; Kalemikerakis I; Galanos A. Função Sexual em Mulheres Sobreviventes de Malignidade Hematológica após Transplante Autólogo de Células Tronco Hematopoiéticas. Curr Oncol. 2023;30:2916-27.

Tsatsou I, Mystakidou K, Panagou E, Adamakidou T, Kalemikerakis I, Vastardi M. Sexualidade e qualidade de vida de pacientes com neoplasia hematológica e transplante de células-tronco hematopoiéticas: uma revisão crítica. J buon. 2020;25:1693-1706.

Voltarelli JC, Pasquini R, Ortega RTT. Transplante de células-tronco hematopoiéticas. Atheneu. São Paulo. 2009.

Watson M, Wheatley K, Harrison GA. Impacto adverso grave na função sexual e fertilidade do transplante de medula óssea, alogênico ou autólogo, comparado à quimioterapia de consolidação isolada: análise do estudo MRC AML 10. Cancer. 1999;86:1231-39.

Weber CS, Fliege H, Arck PC, Kreuzer KA, Rosa M, Klapp BF. Pacientes com malignidades hematológicas apresentam uma imagem corporal restrita com foco na função e na emoção. Eur J Cuidados com o Câncer. 2005;14:155-65.

Whittemore R, Knaft K. A revisão integrativa: metodologia atualizada. J Adv Enfermeiros. 2005;52:546-53.

Wingard JR, Curbow B, Baker F, Zabora J, Piantadosi S. Satisfação sexual em sobreviventes de transplante de medula óssea. Transplante de Medula Óssea. 1992;9:185-90.

Zavattaro M, Felicetti F, Faraci D, Scaldaferri M, Dellacasa C, Busca A, et al. Impacto do transplante alogênico de células-tronco na função testicular e sexual. Transplante e terapia celular. 2021;27:182.

Zhuoyan L, Mewawalla P, Stratton MP, Yong ASM; Shaw BE, Hashmi, S, et al. Saúde sexual em receptores de transplante de células-tronco hematopoéticas. Câncer. 2015;121:4124-31.

Downloads

Publicado

25-06-2024

Como Citar

1.
Gomes AF, Cavalcante CT. Principais disfunções sexuais após transplante de medula óssea. RFPP [Internet]. 25º de junho de 2024 [citado 7º de setembro de 2024];4(2). Disponível em: https://revistadeodontologia.facpp.edu.br/index.php/rfpp/article/view/104

Edição

Seção

Artigos